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Quem foi adolescente nos anos 90, certamente ouviu muito Raimundos na rádio, walkman e discman (lembra?). As letras irreverentes levavam a galera ao delírio. Para relembrar essa época, batemos um papo com o Digão, vocalista e guitarrista da banda desde a formação original, que fala sobre passado, o presente (sem Rodolfo) e o futuro da banda, que está em tour pelo Brasil.

Kzuka – O Raimundos explodiu nos anos 90 com letras irreverentes e muitos palavrões. Era uma forma de protesto ou a ideia era dar a real mesmo?

Digão – O Raimundos nunca foi de caso pensado,sempre fomos despretensiosos e as nossas temáticas mais ainda, sempre falamos de coisas cotidianas, coisas pessoais em sua grande maioria, mas tudo na nossa visão, a dos malucos de Brasília…

Kzk – Se o primeiro CD do Raimundos fosse lançado agora, como você acha que seria?

Digão – Seria muito foda, sinto que nossas músicas não envelhecem, são músicas que continuam empolgando o público como há 16 anos.

Kzk – Rolou stress por causa das letras pesadas?

Digão – Em Santo Ângelo, um promotor da cidade encrespou com o cara da rádio local que tocava a música Selim exaustivamente e estava fazendo o nosso evento. Isso acarretou na censura do show e também em várias blitze pela cidade. Rolou uma repressão mesmo, descarada, as pessoas tiveram medo de ir ao evento pois eram abordadas na rua por policiais. Até no hotel tinha Polícia Civil nos vigiando… Tive que pegar leve para não ser preso (risos)! Mas mesmo assim o show foi muito massa!

Kzk – Acha que a juventude de hoje é muito diferente da dos anos 90?

Digão – Essas mudanças são muito normais. A galera de 60 é diferente da de 70. As décadas de 80 e 90 também tiveram as suas diferenças gritantes. Hoje a moda é isso aí que tá rolando. Aí a dizer se é bom ou ruim, cabe a
quem curte o estilo dizer. Eu sou old school e prefi ro ficar na minha respeitando o momento da molecada nova.

Kzk – Como foi a saída do Rodolfo da banda?

Digão – Uma surpresa, ruim no começo. Agora estamos no prumo novamente e isso já está com a página virada.

Kzk – E a participação do Tico Santa Cruz?

Digão – Partiu de uma idéia dele inspirada no Queen com o Paul Rodgers cantando. O Tico se autoconvidou e achei muito legal. O projeto com a participação dele segue paralelo à tour do Raimundos comigo cantando.

Kzk – Entre os fãs de hoje, tem galera do passado?

Digão – Temos uma molecada que não pôde ir na época que estávamos no auge, agora estão felizes de terem a oportunidade de ver a gente ao vivo. Os velhos fãs sempre estão presentes!

Kzk – Quais as bandas preferidas dos Raimundos?

Digão – Só posso falar por mim, pois os gostos dentro da banda são bem diversifi cados. Eu sou um eterno fã dos Ramones, DK, Stone Temple Pilots, Alice In Chains, Sublime, Black Uhuru…. Também curto bandas das antigas como The Specials, The Selecter, Madness. Ih, não para mais! Escutamos juntos as coisas que o Canisso sempre leva no iPod dele! O shufl le dele é muito variado com coisas que vão de Johnny Cash a Pendulum…

Kzk – Qual a música mais especial pra banda?

Digão – Pra mim foi Eu Quero Ver o Oco. Foi uma música feita por todos da banda! Lembro até hoje do dia em que foi feita: começou comigo de manhã falando que queria fazer uma música que o Beavis and Butthead iriam dizer: “Hehehe, cool! Hehehe, roooock!!!” No ensaio, peguei a guitarra e comecei a tocar o riff, o Canisso gritou o refrão e o resto da banda se juntou e fi nalizou naquele mesmo dia. É o hino do Raimundos!

Kzk – Quais os planos de vocês para o futuro?

Digão – Estamos com a data e lugar marcados pro nosso DVD, será no Kazebre em São Paulo, no dia 18 de dezembro. Iremos registrar essa tour da volta da banda ao seu devido lugar. CD inédito só após esse DVD, mas estaremos lançando uma música nova no filme de surf da Red Nose que sairá pela Fluir em novembro.

Kzk – Como está sendo a receptividade dos shows pelo Brasil hoje?

Digão – Essa tour é vitoriosa, em todos os lugares que estivemos, os shows foram demais. Estou me surpreendendo com essa molecada nova que está sedenta de rock de verdade. Fica difícil saber onde é o melhor lugar, pois a cada show nós falamos a mesma coisa: “O DVD tinha que ser gravado aqui! Obrigado!!!”